Babel: Aula-Espetáculo
Descrição
A proposta de uma aula-espetáculo diferencia-se da de uma simples oficina no ponto em que os participantes são, simultaneamente, espectadores e criadores. Ou seja, aqueles que se inscreverem poderão assistir a um trecho do espetáculo Babel apresentado pelos bailarinos da Cia. Domínio Público e, em seguida, serão incentivados a compreender ativamente o processo de criação usado para a composição das cenas. Finalmente, eles mesmos irão elaborar suas próprias versões do trecho apresentado, interagindo entre si e com os bailarinos da Cia., brincando de transitar entre os papéis daquele que vê e daquele que é visto em cena.
Conteúdo e Metodologia
Babel é um espetáculo cuja coreografia foi predominantemente inventada e estruturada através do estudo de gestos e ações que buscavam investigar o tema da mentira. O uso da linguagem corporal para convencer e criar engano é uma questão predominante no trabalho. A pesquisa foi feita em diversas áreas (leituras de artigos, textos literários, Internet e até mesmo dados a respeito do detector de mentiras foram coletados) a fim de recolher material de pesquisa que estimulou uma análise exploratória através da improvisação e de estudos físicos. A expressão facial e o exagero foram incentivados para que o corpo adquirisse vários estados distintos: um estado de vazio, no qual o corpo era desprovido de capacidade de resposta ou emoção um estado de ação e concretude, no qual o corpo afirma a sua presença através do movimento direto e completo, e um estado esgarçado, no qual gesto, expressão e emoção são exagerados para uma medida em que eles parecem falsos e delirantes.
A preparação desta viagem para o universo criado por Babel é aquela que se inicia com a técnica, o que dá lugar a uma resposta criativa. O aquecimento é proposto como uma série de exercícios de fortalecimento e flexibilidade para o corpo em três planos: chão, em pé e em locomoção. Isto é seguido por um processo de criação. A ênfase é colocada sobre a manipulação de gestos singulares, criados pelo participante e manipulados para se tornarem uma frase de movimentos. Ao aluno são dadas ações simples para executar e estas passam a ser feitas com várias velocidades e depois reagindo com outro participante. Dessa forma, o material original torna-se inspirado pela brincadeira da interação.
O que, a princípio, eram apenas instruções pontuais para criação de movimento – tais como “realize gestos bruscos”, “movimente-se com braços ondulantes” ou “congele uma expressão de careta” – são transformadas em uma espécie de partitura corpórea pessoal que o aluno pode manipular de acordo com a necessidade da relação com outro aluno. Colocar essas instruções separadas em uma sequência faz com que o ilógico se torne lógico. Ao unir essa atividade com um parceiro as sequências começam a tomar outras formas e tornam-se abertas para todos os tipos de interpretações possíveis.
Os membros da Cia. também participam no fazer do exercício para incentivar a que o jogo se torne ainda mais dinâmico. Os grupos são incentivados a mostrar as suas sequências para todos. No final, todo o material coreográfico é executado com a mesma música do espetáculo do qual essa cena foi retirada, o que aproxima ainda mais os participantes dos bailarinos, fazendo-os sentirem-se como co-criadores da cena.
Oficineiros
Holly Cavrell, Claudia Millas, Leandro Rivieri, Lineker, Sara Mazon e Talita Florêncio